quarta-feira, 11 de março de 2009

História da Gata Borralheira, de Sophia de Mello Breyner Andresen



“História da Gata Borralheira”, de Sophia de Mello Breyner Andresen (nova versão).

A GATA BORRALHEIRA

(...) Lúcia diz: “Esse sapato é meu!”
De súbito, houve um grande silêncio na sala. Só se ouvia o lago estremecendo com o reflexo da lua e o chilrear dos pássaros.
Passados uns segundos ouviu-se:
- Como é que alguém consegue trazer um sapato daqueles para este baile?
- Realmente, que falta de estilo e elegância!
Mas, de repente, apareceu um rapaz que contrariou todas as palavras ditas anteriormente. O rapaz tinha cerca de vinte anos e tinha os cabelos castanhos, olhos azuis e era alto e bonito. Disse:
- Como, pergunto eu!!! Como é que podem ser tão insensíveis, perante uma situação destas? Eu queria ver se fosse com algum de vós que comentou; vocês calavam-se e fingiam que o sapato não tinha nada a ver convosco. Em vez de a criticarem deviam admira-la pela sinceridade e pela coragem de admitir que é o seu sapato!
Todos ficaram espantados, pois ninguém o conhecia.
Lúcia dirigiu-se para meio da sala, calçou-se e agradeceu ao homem as palavras de defesa.
Passaram-se quarenta anos. Lúcia tinha naquele momento cinquenta e quatro anos e sentia-se no auge da idade. Ainda não tinha encontrado o homem da sua vida e ocupava os seus dias com trabalho. Até que foi convidada para um baile, que iria realizar na primeira noite de Junho. Ela lembrou-se do antigo baile e ia rejeitar o convite, mas como era muito curiosa queria saber a reacção das pessoas ao reencontrarem-na, aceitou.
Foi ao baile sozinha. Com o mesmo modelo de vestido de há quarenta anos e, como o seu pé não tinha crescido, com os mesmos sapatos.
Quando lá chegou, as pessoas olharam para ela e reconheceram-na; embora naquele momento, com um aspecto mais abatido pela idade. Também nessa festa se encontrava o homem que a tinha defendido, neste momento com sessenta e sete anos; mas neste baile com um objectivo bem diferente.
No meio da noite, a música parou. As pessoas afastaram-se da pista de dança, e o homem deslocou-se para o centro da sala. Chamou Lúcia e disse:
- Lúcia, apaixonei-me por ti há quarenta anos e essa paixão está mais forte do que nunca. Eu sei que não me conheces, mas podíamos ficar juntos esta noite para nos podermos aproximar e conhecer melhor.
Lúcia anuiu e apaixonou-se durante a noite.
No fim do baile, o homem pediu-a em casamento e ela, toda contente, aceitou sem pensar duas vezes. As pessoas que assistiram pudera, comprovar que o amor não escolhe idades e pode durar para sempre!


Bibliografia:

http: // paginasescrita iii. Blogs. Sapo.pt /12 170. html

Catarina Faria, 8ºD

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