Na passagem de mais um ano sobre o DIA DA LIBERDADE, quero homenear um homem que soube lutar com as palavras, na defesa da liberdade e da dignidade, contra a fome e a censura.
Falo de José Carlos Ary dos Santos, poeta de eleição e um ser humano excepcional. Sobre ele, disse Baptista Baptos na crónica necrológica publicada no Diário Popular de 19 de Janeiro de 1984:
Não parava. nunca parou, não há memória de o Ary vez ter parado. A não ser agora: por motivos de força maior.
Não parava. nunca parou, não há memória de o Ary vez ter parado. A não ser agora: por motivos de força maior.
Infelizmente já não está entre nós, mas a sua poesia é para sempre.
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.
A cidade é um saco um pulmão que respira
pela palavra água pela palavra brisa
A cidade é um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.
A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.
A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.
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